Quem diria que um ano cheio de tragédias guardasse tão agradáveis surpresas? 

A nós, brasileiros, pelo menos, ele nos permitiu o carnaval antes de nos jogar uma pandemia nos peitos. Rotinas destroçadas, festas adiadas, viagens canceladas, vidas ceifadas… O que pode ter de bom num ano como este? Sendo um pouco Poliana, dá pra ver que 2020, com todas as suas feiuras, também trouxe-nos presentes. 

Alguém poderia me dizer outro ano, em que um ex-gago teve a oportunidade de fazer um discurso acalentador a nível mundial? Em qual outra época um ancião, mais velho do que 94% da população de seu país, teve a oportunidade de suceder no poder a um projeto falido de ditador com doses cavalares de imbecilidade?

Se eu te dissesse no ano passado que as ideias de Suplicy seriam adotadas no Governo Bolsonaro, você acreditaria que um governo de direita seria o executor de um plano de esquerda? Ainda mais um projeto capaz de distribuir renda a ponto de levar o Índice de Gini a níveis historicamente tão baixos. Você, no mínimo, consideraria uma loucura.

Se esta década de 20 já se iniciou com tantas ironias, quem sabe o que 21 ou 22 nos reservam? Talvez loucuras, loucuras, loucuras… Mas é melhor pensar bastante antes de pular em caldeirões.